São Paulo — Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSol) participam na noite desta sexta-feira (25/10) do último debate antes do segundo turno da eleição à Prefeitura da capital, que ocorre no domingo (27/10). O encontro entre os candidatos é promovido pela TV Globo.
À frente em todas as pesquisas – segundo o Datafolha divulgado nessa quinta-feira (24/10), Nunes tem 49% das intenções de voto contra 35% de Boulos –, o prefeito adotou uma postura mais defensiva na campanha e conseguiu impor ao adversário um ritmo de encontros que lhe foi vantajoso: esta será a terceira vez que se enfrentarão no segundo turno. O psolista queria que o número de debates chegasse a 12.
Já o levantamento do Paraná Pesquisas divulgado nesta sexta-feira (25/10) mostra Nunes com 51,2% das intenções de votos e Boulos, 40,7%. Em relação ao último levantamento do instituto, publicado na última terça-feira (22/10), o prefeito teve uma oscilação negativa de 0,5 ponto percentual e Boulos uma oscilação positiva de 1,1. A variação está dentro da margem de erro de 2,6 pontos percentuais.
Embora a distância entre os dois oponentes seja significativa – nunca houve uma virada na eleição paulistana do candidato que largou no segundo turno atrás nas pesquisas –, a campanha de Nunes trabalha tanto para garantir que os eleitores dispostos a votar no prefeito compareçam às urnas no domingo quanto para evitar que aqueles que ainda estão indecisos depositem seu voto no rival – branco, nulo e indecisos somam 16% no Datafolha.
A estratégia de Nunes
Por isso, Nunes vem preparando uma estratégia contra o adversário, que inclui atacar o programa “socialista” do partido de Boulos para reforçar o rótulo de “radical”, que tem usado contra do deputado do PSol desde a pré-campanha, colocando o rival no campo da “extrema esquerda”.
“Eu quero discutir, por exemplo, o estatuto do PSol, de que vai pegar e vai ter ações de estatizar as empresas privadas. Como é que pensam? Como é que está no estatuto do PSol? E mostrar o meu governo, que é um governo liberal, um governo que enxuga a máquina. É um governo que reduz impostos. Eu quero discutir isso”, disse o prefeito nesta semana.
O programa do partido de Boulos defende de forma contundente a “estatização das empresas privatizadas” e prega contra “reformas reacionárias e neoliberais”, citando como exemplo a Reforma da Previdência. “É preciso reverter este verdadeiro saque à nação, começando pela reestatização das empresas privatizadas”, diz um trecho do programa do PSol.
A exemplo do que já fez nos dois debates anteriores, nas emissoras Record e Bandeirantes, o emedebista também deve explorar a atuação de Boulos como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) antes de virar político para tachá-lo de “invasor” e martelar que o psolista é a favor da descriminalização das drogas e da desmilitarização da polícia, duas bandeiras de esquerda.
Por outro lado, Nunes se prepara para o que sua equipe chama de “denuncismo”, que deverá vir de Boulos, explorando suspeitas de desvios de dinheiro em sua gestão na Prefeitura e, mais uma vez, insistindo que o prefeito “abra seu sigilo bancário” para provar que não se beneficiou de supostos esquemas de corrupção.
Boulos sem nada a perder
A campanha de Boulos encara o debate da Globo como um “tudo ou nada”. A essa altura, segundo pessoas próximas ao deputado, o psolista tem menos a perder do que Nunes. O estilo mais incisivo do debate na Record deve ser repetido e endurecido para mostrar ao eleitor um candidato de “pulso firme”, em contraste com um prefeito que normalmente se esquiva de respostas difíceis.
O boletim de ocorrência que Regina Nunes registrou contra o prefeito em 2011, por violência doméstica, será novamente explorado, assim como as suspeitas de superfaturamento de obras e contratos sem licitação feitos pela atual gestão. Boulos também apelará para o desejo de mudança do eleitorado, como tem feito neste 2º turno, e citará histórias vividas durante a caravana pelas periferias ao longo da última semana, levando para a televisão “casos reais”, nas palavras de um aliado.
O deputado também foi estimulado a caminhar pelo estúdio e se mostrar à vontade ao questionar Nunes.
O debate da TV Globo é o terceiro e último confronto direto entre Nunes e Boulos no segundo turno da eleição à Prefeitura da capital, que ocorre no domingo (27/10).
Segundo a última pesquisa Datafolha, divulgada nessa quinta-feira (24/10), Nunes aparece com 49% das intenções de voto, contra 35% de Boulos.