Não sei vocês, mas eu fui pego de surpresa quando apareceram as informações da postura deselegante e autoritária do técnico Marcelo Bielsa, do Uruguai, no ambiente da concentração da Celeste Olímpica
Sempre tive “El Loco” Bielsa como um daqueles técnicos diferenciados, que veem o futebol com mais profundidade, tendo também um importante papel de liderança.
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Foi assim, por exemplo, quando defendeu jogadores do Uruguai após a briga que ganhou as arquibancadas de um jogo da Copa América contra a Colômbia. Bielsa também criticou fortemente a organização do torneio continental, enquanto muitos que vivenciavam situações parecidas preferiram ficar calados.
Isso sem falar de sua estratégia, a forma de jogar dos seus times e as dezenas de “bielistas” por aí que sempre o citam como referência e formador.
Reviravolta
Mas as notícias de que Bielsa ignora, não cumprimenta e até ofende jogadores e funcionários da Associação Uruguai de Futebol (AUF) fez o técnico argentino perder algumas estrelas na minha avaliação. E acho que também na dos jogadores, que talvez agora o tenham como uma persona non grata. Vale a pena correr por quem maltrata um companheiro de trabalho?
Pode (ou deve?) ser questão de tempo pra casa de Bielsa cair por lá. Nomes de peso como Luis Suárez e Valverde reclamaram da postura do treinador, que teria agido na direção contrária de uma professor – como cabe a cada treinador – com Canobbio e Darwin Nuñez, culpando jogadores por resultados e os fazendo chegar às lágrimas tamanha a revolta e pressão exarcebada colocadas em suas costas.
O próprio Bielsa admitiu, recentemente, que sua autoridade foi abalada. Não era pra menos. O cenário vem de alguns meses, antes mesmo da Copa América, quando episódios lamentáveis aconteceram. Um deles foi a comissão pedir para os jogadores não cumprimentarem a torcida na portal do hotel. Fico me perguntando onde ficou aquele exemplo de liderança que eu imaginei que existia…
Corda estourou
A situação incômoda, claro, chegou dentro de campo. Após o empate sem gols, desta terça-feira (15), contra o Equador, a sequência é de oito jogos sem vencer e quatro sem marcar gols na temporada.
Sabemos como, no futebol, é preciso que os jogadores comprem e abracem a ideia de um treinador. Para isso, o trato no dia-a-dia e a honestidade podem ser fundamentais para se ganhar o grupo, tê-lo nas mãos e poder contar com todos nas “boas e malas”. Mas Bielsa se superou ao se recusar a dar um simples bom dia a todos.
Com o ambiente que se criou, vejo a presença de Bielsa por lá como insustentável. Uma saída seria um pedido público de desculpas, reconhendo os erros e buscando uma melhora no trato com quem está em em entorno. Não acredito que isso acontecerá.
Até lá, os jogadores uruguaios devem fazer de tudo para levar o time ao Mundial, mesmo com Bielsa por ali. Tal situação deve persistir até uma saída, que teria relação direta com uma falta de condição humana de um genioso treinador de ideias inspiradoras, mas sem uma sensibilidade, que pode fazer o dissabor do dia-a-dia virar um tiro no pé.