Terça-feira, Dezembro 24, 2024

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Selton Mello chora e lembra da mãe em coletiva de ‘Ainda Estou Aqui’: ‘Também morreu com Alzheimer’


Ator dá vida ao ex-deputado e engenheiro civil Rubens Paiva em filme dirigido por Walter Salles.




Selton Mello interpreta Rubens Paiva em 'Ainda Estou Aqui'

Selton Mello interpreta Rubens Paiva em ‘Ainda Estou Aqui’

Foto: Divulgação

Grande esperança do Brasil para o Oscar 2025, “Ainda Estou Aqui” tem emocionado o público mundo afora, e promete fazer o mesmo com os espectadores brasileiros. Em exibição na 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo a partir desta sexta-feira (18), o filme dirigido por Walter Salles não poupa lágrimas nem mesmo dos atores.

Ambientado nos anos da ditadura militar brasileira, o filme conta a história da família Paiva a partir do desaparecimento do patriarca, o engenheiro civil e ex-deputado Rubens Paiva, levado por agentes militares de sua própria casa no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1971. Sem respostas sobre o marido e com cinco filhos para cuidar, Eunice transforma sua vida radicalmente diante desta ausência, a fim de manter a família em pé e pressionar o governo por respostas sobre o paradeiro de Rubens. A obra narra esta trajetória diante deste luto que ela própria não tem tempo para viver. 

Falando com uma plateia de jornalistas em entrevista coletiva para o lançamento do filme, Selton Mello não conteve a emoção. O ator chorou ao falar sobre a sensação de enfim lançar a obra em terras brasileiras, e relembrou a própria mãe.

Assim como Eunice Paiva, Selva Aretuza Figueiredo Melo, mãe de Selton e Danton Mello, sofria de Alzheimer, e morreu em julho passado, aos 83 anos. 

“Estamos bem emocionados de estarmos aqui, é o início da nossa história, nosso encontro com os brasileiros, com o nosso público e a nossa língua. E é aquela história: falando da nossa aldeia, a gente toca o mundo. É isso que vem acontecendo nas viagens e nos festivais”, explicou Selton. 

O ator, que engordou 20 quilos para retratar com realismo a figura de Rubens Paiva, diz que a transformação física é o menor dos incômodos. “É parte do negócio, parte do trabalho. Acho que a beleza daqui é falar dos encontros. Para mim, é um reencontro com o Marcelo, de quem sou fã e amigo há muitos anos”, falou, sobre o escritor cuja obra inspirou o longa-metragem. 



'Ainda Estou Aqui'

‘Ainda Estou Aqui’

Foto: ALILEDARAONAWALE

“Sou da geração que foi completamente impactada pelo Feliz Ano Velho, amo e respeito o Marcelo e nunca imaginaria na vida que um dia eu iria fazer o pai do Marcelo. Tem sido muito emocionante, não vou fingir que não. Eu tinha fotografias do Rubens para servir de guia, não tinha nenhuma imagem em movimento. Vi fotos, ouvi coisas sobre o Rubens do Marcelo, das irmãs e amigos. Minha missão no filme era iluminar a primeira metade, espiritualmente falando, mais do que tecnicamente.”

História de Eunice Paiva fez Selton Mello se emocionar pela mãe

Durante a coletiva, o ator “abriu o coração” ao falar sobre a universalidade do filme. Ele aproveitou a ocasião para explicar por que a emoção falou mais alto.

“Minha missão nesse filme era iluminar essa primeira metade, espiritualmente falando, mais do que tecnicamente falando. O ‘Waltinho’ é o mestre das delicadezas dessa profissão. Ele é um cineasta, de fato, e conduz tudo de uma forma muito precisa, muito elegante, como ele é na vida, com o Waltinho que pega uma câmera e filma algo”, elogiou.

“Foi tão bonito, tão bonito! E é por isso que é tudo tão forte nesse trabalho. É um filme sobre memória. No fim desse filme, temos Fernanda Montenegro com Alzheimer, e foi assim que eu perdi minha mãe também, não faz muito tempo. Começa com uma viagem muito pessoal, mas aos poucos esse filme também foi se tornando nosso, foi se tornando uma grande viagem interna para todos nós.”

“Ainda Estou Aqui” chega aos cinemas de todo o Brasil no dia 7 de novembro.



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